segunda-feira, outubro 23, 2006

O dia que eu não queria que chegasse

É como diz minha querida comparsa Cecília: a primeira a gente nunca esquece. Essa então vai ser mesmo difícil de esquecer. Não imaginava que minha consulta à dermatologista se transformaria na concretização de tudo aquilo que está nos livros de Biologia e que eu não queria ver pessoalmente. Já conformada com uma bolinha com um pontinho preto no meu dedo mínimo do pé, a que chamava carinhosamente de "zóim" (porque achava que era um olho-de-peixe, satisfeitíssima, pois é um negócio provocado por um vírus), fui à Dra. pra saber se a receitinha do Melhoral dava certo. "O seu dedo está coçando, Luana?". "Ah, sim, uma coceira boooa...". "Você foi em algum sítio?". "Fui sim, ai...". "Então não é olho-de-peixe, não, isso é bicho-de-pé, vamos ter que tirar!". "Ai, meu Deus, não me fala um negócio desses, doutora!".
Começaram, naquele momento, meus cinco minutos de desespero. Isto é, acho que foram cinco de fato, mas que pareciam vinte. As ilustrações do capítulo de parasitas do meu grosso e pesado livro de Biologia do Ensino Médio me vieram como um cometa à cabeça. Os vídeos educativos também. "Vou espetar com a agulha, ok?". "Ai!". "Tá saindo um pouco de pus". "Blérgh, que nojo! Meu Deus". "Hmmmm, tá morto!". "O quê? Tem um cadaver no meu dedo? Aaaaaaah que nojo". "Tirei, espera que tem sobrou um pouco. Opa, são ovinhos, mas está tudo morto". "Essa bicha pôs ovos no meu dedo! Pelamordedeus, não me mostra, não quero ver, extermina tudo!". "Pronto, agora é só usar essa pomadinha, atualizar sua vacina anti-tetânica e tomar este antibiótico por cinco dias, ok?".
Tá certo que esse pequeno monstro que habitou meu dedo por um curto período de tempo é uma das versões mais light de sua prole. Mas sempre que pensei na possibilidade de isso acontecer comigo, minha cara fez, automatica e instintivamente, uma careta tão feia que até o próprio bicho se assustaria com ela. Se eu por nojeira do destino vier a pegar, por exemplo, uma... uma... berne, sou capaz de pedir um sedativo pra dormir só pra não sentir... o bicho... se mexendo... saindo... de mim... e entrando no toicinho de porco... que nojo!
Agora, depois desta experiência infâme, acho que fiquei com uma coceira psicossomática, porque a Dra. me garantiu que os restos mortais da dita cuja parideira e de seus descendentes já não estão mais lá. Tem também um buraquinho vermelho cheio de pomada e com um band-aid por cima, onde, até algumas horas atrás estava uma enorme gase enrolada com esparadrapo que fazia meu dedinho parecer um dedão.
Pois é. A primeira a gente não esquece mesmo. Mas essa...

2 comentários:

Leonardo Rosa disse...

Tomara que seja a última né, hehe.

Luana disse...

ai! tomara! Deus te ouça!! hehe
beijão!