quarta-feira, maio 31, 2006

Questão crucial da humanidade é desvendada

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Ovo nasceu antes que a galinha, afirma cientista britânico

O professor John Brookfield, especialista em genética da evolução da Universidade de Nottingham, na Inglaterra, acredita ter resolvido, de uma vez por todas, um dos mais antigos e populares enigmas da humanidade: quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha? Um filósofo e um avicultor britânicos também concordam com Brookfield. Para eles, a resposta unânime é de que o ovo veio na frente, informa nesta sexta-feira o jornal The Times.

Em resumo, o argumento é de que o material genético não se transforma durante a vida do animal. Portanto, a primeira ave que no decorrer da evolução se tornou o que hoje chamamos de galinha existiu primeiro como embrião no interior de um ovo.

Para Brookfield, a situação é clara. O organismo vivo no interior do ovo tinha o mesmo DNA que o animal no qual ele se transformaria. Assim, "a primeira coisa viva que podemos qualificar sem medo de engano como membro dessa espécie é o primeiro ovo", argumenta.

David Papineau, um especialista em filosofia da ciência do Kings College de Londres, concorda. O primeiro frango saiu de um ovo. É um erro, segundo ele, pensar que o primeiro ovo de galinha foi um mutante produzido por pais de outra espécie.

"Se dentro do ovo existe um frango, então é um ovo de galinha. Se um canguru pusesse um ovo, e dele saísse um avestruz, o ovo seria de avestruz e não de canguru", disse Papineau.
O jornal cita ainda Charles Bourns, granjeiro e presidente de uma entidade do setor avícola, que quis contribuir para o debate. "Os ovos existiam antes de nascer o primeiro pintinho. Claro que talvez não se parecessem com os de hoje", disse.
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Saiu no Estadão

Às vezes a gente precisa de algumas delas pra mostrar que tá tudo bem.
Às vezes nenhuma.
E a vida segue.

sábado, maio 27, 2006

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E eu com medo da dor do aparelho...
(saiu no Popular)

Dentista quebra dentes de paciente após discussão

Um dentista israelense quebrou, a golpes de martelo, os dentes de um paciente com quem discutiu em seu consultório, informou a polícia local, nesta terça-feira.
A vítima foi ao consultório do dentista, cuja identidade não foi revelada, para pedir as radiografias do filho de um amigo. O dentista se negou a dar os exames e os dois começaram a brigar.

Irritado, o odontólogo pegou um martelo e começou a quebrar os dentes do outro israelense.

sábado, maio 20, 2006

Status: apagando scraps.
Velocidade: 52Kbps
Tempo previsto: três encarnações.

sexta-feira, maio 19, 2006

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Muito além das falanges


- Eu não acredito no que meus olhos estão vendo! - o tempo que o rosto levou para ficar vermelho foi o mesmo que o cérebro precisou para processar a informação e transformá-la em palavras.
- O que aconteceu, papai, senhor meu pai?
- Mas que pouca vergonha! Como se atrevem, bem debaixo do meu nariz! Minha filha! Como pôde!
- Papai, não entendo, o que está acontecendo?
- Margarete, venha cá, veja o que está acontecendo no sofá da nossa sala! Oh, meu Deus, como isso pôde acontecer!
- O que houve, meu marido!
- Nossa filha e esse rapaz!
- Sim, ele é pretendente de nossa menina!
- Pretendente? Pretendente e atrevido! Pois saiba que flagrei os dois sentados lado a lado e, nem sei como dizer, encostando seus dedinhos mindinhos um no do outro!
- Minha filha? Isso aconteceu mesmo?
- Papai, meu pai, não acredito! Nós apenas encostamos os dedos mindinhos, o Roberval nem ao menos pegou na minha mão!
- Mas era só o que me faltava! Aí já é demais! Meu Deus do céu, minha Nossa Senhora Aparecida! Onde este mundo vai parar! - Dizia dando voltas ao redor da mesinha de centro.
- Papai, por favor, já estamos em 1940!
- E isso é motivo para ficarem com essa pouca vergonha aqui na sala?
- Mas...
- Não pode ser, ainda não acredito no que meus olhos viram! Os mindinhos se encostando, se entrelaçando. O dedinho mindinho da minha filha, ela que criamos com tanto cuidado, se enroscando do dedo peludo desse rapagão! Os dedos ali, se enroscando como duas minhocas, um macho e uma fêmea, dois seres se acasalan... Não! Já chega! Estou decidido!
- O que vai fazer papai? O que pretende?
- O que quer fazer meu marido?
- O que o senhor vai fazer, senhor?
- Fique quieto você, rapaz! Ai, meu pai, esse homem perverteu minha filha, tão inocente que era e a pego enroscando o dedo mindinho no dedinho desse um aí! Mas isso não fica assim, não, vai ter que casar!
- Casar?????
- Casar????
- Casar????
- Isso, está decidido, amanhã mesmo vou providenciar os proclames. Ana Lúcia, minha filha, você agora é noiva do... do...
- Roberval, senhor, me chamo Roberval.
- Fique quieto, já disse!
- Mas, senhor, não aconteceu nada!
- Ah, não me venha com desculpas! Depois de ter desonrado minha filha, agora quer escapar à responsabilidade!
- Mas, senhor...
- Nada de mas, está decidido. Vocês vão se casar o mais rápido possível, não posso admitir filha minha entrando na igreja de barriga.
- Papai, mas não aconteceu nada!
- Não aconteceu nada? Hã? Pensa que eu não vi? Os mindinhos, minha filha, os mindinhos! Que pouca vergonha, que decepção!
- Meu marido, não está sendo precipitado?
- Quietos os três. Você, Ana Lúcia, vá para o seu quarto e troque de roupa, coloque algo mais adequado. Você, minha esposa, quero que vá até nosso quarto e traga o anel que foi de sua mãe, esse rapaz há de assumir o compromisso hoje mesmo.
- Senhor, eu ainda sou muito novo!
- Agora é tarde. O estrago já está feito. Fique aí e espere.
Passados alguns minutos, a menina, em prantos, retorna à sala.
- Venha, filha, fique do lado do seu futuro marido. Rapaz, pegue o anel e repita tudo o que eu disser! Diga: Ana Lúcia, quero que aceite este anel...
- A-A-Ana Lúcia, que-quero que açaçaceite este anel...
- Como prova de meu amor...
- Como pe-pra-prova de meu amo-mor...
- Para ficarmos juntos para o resto de nossas vidas, ou você para de gaguejar ou vai levar chumbo. Margarete, alcance minha espigarda!
- Ai, ai, ai..
- Vamos, repita!
- Para ficarmos junto-tos para o resto de nossas vi-vidas...
- Vá, enfie o anel no dedo dela, no anelar, prete atenção, no anelar...
- Sim, senhor...
- Pronto! Agora você já está noiva minha filha! Consegui consertar tudo! Amanhã mesmo vou marcar a data na igreja. Graças a Deus, ontem, pura, agora há pouco, desonrada, mas, graças a mim, o estrago foi arrumado.
Depois de sete segundos, os mais longos de sua vida, o rapaz desmaiou. E não acordou mais. Roberval, que tinha sérios problemas cardíacos, herança da família do pai, não suportou a emoção tamanha e desabou no tapete azul floral da sala. Acabara ali o noivado mais rápido de que se tivera notícia restando apenas Ana Lúcia, menina sardenta dos olhos verdes e cabelos cor de mel, mãe do mindinho e víúva do marido que foi, sem nunca ter sido.


quinta-feira, maio 18, 2006

Dia desses, na Souza Naves:

"Ô, moça, moçaaaaa, vem qui!"
E ela atravessou a rua sem mover a cabeça para o lado.

"Ô moça, vem qui, moça, ô moooça", disse o mesmo rapaz de aparência estranha vindo em minha direção.
Passei reto. Também sem mover a cabeça para qualquer lado. Nem para trás, mesmo depois de uma distância segura.


Nessas horas, ainda mais nos dias de hoje, admito que a solidariedade fica meio de lado.

terça-feira, maio 16, 2006

"A ordem agora é morrer nas próprias casas. Uma das frases que mais me marcaram nas últimas semanas foi justamente a frase dita por Sara Joanna Gould, uma americaninha de 21 anos que tá fazendo intercâmbio no Brasil. Ela falou pra Revista da Folha: "O que me surpreende não é a pobreza, comum na América Latina, mas sim a riqueza, o número de milionários em um país como o Brasil".Sacaram? Vocês que agora estão escondidos em suas casas, com medo de saírem às ruas pra tomar uma inocente cerveja ou pra ir a um cinema depois de um dia cansativo de trampo e pavor? Vocês sacaram que isso que vocês estão passando nesse momento é rotina nas favelas cariocas? O toque de recolher, o abaixar as portas, o rezar baixinho pra que ninguém ouça. Às vezes tão baixinho que nem Deus ouve."

Achei muito pertinente o texto de Mário Bortolotto. O restante dele está neste link, só que tem que procurar um pouco pra baixo. Pra quem tem senha da uol, entre neste, que entra direto.

sábado, maio 13, 2006

sexta-feira, maio 12, 2006

E teve início ontem o meu martírio dental. Agora estou com quatro pequenas borrachas azuis entre meus molares. A sensação de ter um pedaço de carne no meio dos dentes 24 horas por dia é agoniante. Dá uma vontade doida de passar o fio dental. Só que se passar o fio, a borachinha sai. Se ela sair, o dente junta de novo. Se juntar, tem que colocar a borrachinha. Se não juntar, não tem como colocar a tal da banda. Aliás, semana que vem começa o martírio dental parte 2. Não faço a mínima idéia de como o dentista vai colocar aquele troço metálico nos meus dentes. Também devo pôr os quadradinhos com nome estranho e possivelmente o fio. Daí em diante, uma longa espera de um ano e meio e beiço gigante até acertar tudo aqui dentro da minha boca. O dentista não acha tão longa assim, também tenho vários amigos que ficaram de aparelho mais de dois anos, três, quatro, vários. Pra mim, um ano e meio é muita coisa sim. Mas acho que passa rápido. Contraditório.
Sexta-feira, de novo?
Mas ontem estava com uma cara de sexta...

quarta-feira, maio 10, 2006

De repente, uma insegurança. Daquelas de fazer tremerem as pernas e titubearem os dedos ao digitar. Um sentimento de vida estagnada. As coisas perdendo o movimento. Ando de ônibus pra lá e pra cá, mas tudo permanece o mesmo. As mesmas contas. As mesmas filas de banco. A mesma grana curta. De repente, uma canseira dessa minha vidinha medíocre. Uma estafa incontrolável ao olhar ao meu redor: a rotina massacrante e o tempo imperdoável. Aliada a essa insegurança, uma vontade de fazer não sei o quê. Daí eu fuço a internet buscando alguma coisa, em vão. Tem alguma coisa enroscada na minha garganta que custa a sair. Um adesivo superpotente na sola dos meus pés que não me deixa movimentar as pernas, por mais que eu queira e tente. O coração aflito confundido com minha azia momentânea. Ou minha gastrite, refluxo, seja lá que porcaria esteja incomodando meu estômago. E esse tremor que não passa, a garganta que não desintala, a vida que não anda, a estátua que não se mexe, a rotina que não me abandona.
Vontade de sumir, fugir, mudar de corpo e de identidade pra ver se adianta alguma coisa. Queria estar em não sei onde fazendo não sei o quê, mas que, com certeza, me traria menos angústia do que a que eu estou sentindo agora. Sinto o restante do mundo viajar tranquilamente a 500 km/h enquanto eu ando de fusquinha. Talvez tudo isso seja fruto do meu excesso de ponderação e da minha descrença de sobra de que alguma coisa boa possa acontecer, de que a sorte possa mudar. Já me disseram que esse meu pessimismo não me leva a nada. Eu mesma já me disse isto. Só me resta acreditar e pegar carona nesse trem maluco e desvairado da vida.
Ontem fez frio, hoje também. Semana passada, dentro do shopping, dentro do cinema. Tudo igual. O mesmo tempero, as mesmas cores. O mesmo motorista dizendo o bom dia sorridente de sempre. Saio todo dia as 7:28 pra não perder o ônibus que passa 7:31. E ligo o computador as 8:02. Sai de perto de mim relógio! Quero ignorar as horas, fazer um tempo diferente, um minuto mais comprido e outro mais curto, mas o tic-tac é impiedoso.
Penso na trilha alheia e no motor alheio. Falta óleo no meu e me falta arrancar o mato alto que se fez na minha, por minha permissão. Vem logo, D. Vida, me dê um soco nas costas e uma rasteira certeira. Me tira desse tremor e corta minhas raízes. Eu quero o bilhete brilhante pra ingressar nesse trem. E me vê uma pastilha mágica pra ver se alivia essa garganta rouca.

segunda-feira, maio 08, 2006

Anjo e querosene

É. Foi assim meu final de semana (considerando também a sexta-feira como parte dele). Quem disser que anjo não existe, é porque não conheceu o sr. José. E quem não sabia que querosene mata cupim, ficou sabendo agora!
Bom. Sexta-feira. Banco HSBC. Senha nº 463. No relógio, 15:35. No letreiro, senha 365. 100 pessoas na minha frente. Após alguns segundos de letargia, sou interrompida pelo leve cutucão de um senhor. "Que você veio fazer?". "Ah, eu vim só descontar um cheque, mas dá uma olhada na minha senha!". "Eu também vim, quer ir comigo, minha senha é 359, só faltam seis!". "Sério? Posso ir com você mesmo?". "Claro, ainda tem um monte de gente na sua frente, você vai sair daqui umas cinco horas!". "Nossa, muito obrigada! Mal posso acreditar!".
E fomos. Chegando no caixa ele disse: "Espera pra sair comigo, senão esse povo vai dar uma chinelada na gente!". O nome dele é José. Deve ter uns 60 e poucos anos. Acredito que boa parte deles dedicada a fazer gentilezas às pessoas, como a que ele fez comigo. Ele tem os olhos azuis, como os anjos renascentistas. Tem a pele do rosto vermelha e os cabelos brancos. E é um anjo. Pois não é todo dia que a gente é surpreendida com boas ações absolutamente gratuitas, como eu fui.
Agora, quem está longe de ser angelical, são os cupins. E o que era para ser um domingo tranquilo, foi um dia de mão na massa, com cheiro de querosene. São necessários poucos dias para que eles se proliferem como coelhos no cio. Quando conseguimos identificar um pedacinho do caminho feito por esses monstrinhos, já é tarde. São metros e mais metros de caminho de terra, pequenos túneis, escondidos atrás de prateleiras e armários. Os bichos estavam gordos e brilhantes. Afinal, comeram livros e caixas muito suculentas e nutritivas. Enchemos um saco de aspirador de pó com a sujeira dos cupins e gastamos uns dois litros de querosene. Ninguém se atreva a acender um palito de fósforo naquele quarto ou tudo explodirá pelos ares. Depois de cinco horas de leva e traz de caixas, reciclagem de papéis guardados e de adeus a alguns livros, o quartinho se viu livre da praga. Pelo menos por enquanto.
Pelo menos, o cheiro de querosene é gostoso.